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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Salvem o Pantanal


Maior área úmida alagável do planeta, o Pantanal está seriamente ameaçado por problemas como mudanças climáticas e a agricultura em larga escala feita em desacordo com a legislação. Especialmente por conta do fator climático, estudos das Organizações Unidas (ONU) indicam que 85% dos ambientes úmidos existentes na Terra podem desaparecer em 100 anos. Estima-se que as áreas alagadas brasileiras perfaçam aproximadamente 20% do território nacional. 

Assuntos como estes, serão discutidos durante o II Congresso Brasileiro de Áreas Úmidas, que acontece entre os dias 20 e 22 próximos, em Cuiabá. O evento irá reunir cientistas, estudantes, gestores e representante da sociedade civil de vários países, como Austrália, Índia, Estados Unidos, Argentina e Alemanha. 

Coordenador do evento e vice-coordenador do programa INCT Áreas Úmidas, o professor doutor Paulo Teixeira explica que no pantanal as ameaças podem ser classificadas em três níveis. Uma delas é global e ocorre em função das mudanças climáticas no mundo. “As previsões mais pessimistas do IPCC (painel intergovernamental das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas) dão conta que até 85% das áreas úmidas podem desaparecer nos próximos 100 anos. Esse é um quadro bastante preocupante, pois se seca 85% dessas áreas, o quadro que nós vemos hoje, como é o caso de São Paulo, tende a se agravar ainda mais”, disse. 

De nível regional, a agricultura em larga escala feita sem considerar a legislação também oferece riscos ao bioma por conta da compactação do solo, a emissão ou uso de uma quantidade indiscriminada de pesticidas. “Nestas situações, ocorre o carreamento de resíduos e pesticidas para a bacia”, alertou. 

Uma terceira ameaça trata-se do empobrecimento da população local pela perda da competitividade econômica da principal atividade, que é a agropecuária. “O gado quando pisoteia ou come a grama evita que na época da seca se tenha um excesso de biomassa seca, que no período da estiagem pega fogo. A presença do gado mitiga esse problema, mas estamos sofrendo redução no número de cabeças. Essa é uma situação preocupante tanto do ponto de vista ambiental como econômico”, frisou. 

MAPEAMENTO - Apesar de ser signatário da Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, mais conhecida como Convenção de Ramsar, o Brasil não possui um mapeamento dos ambientes úmidos. “Uma das obrigações da convenção para preservação dessas áreas é o mapeamento para saber onde estão e os seus limites para depois delinear e elaborar políticas públicas para conservação”. 

Além do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense (MT), o Brasil possui outras 7 áreas classificadas como Sítios Ramsar, sendo elas a Estação Ecológica Mamirauá (AM), Ilha do Bananal (TO), Reentrâncias Maranhenses (MA), Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (MA), Parque Estadual Marinho do Parcel de Manoel Luz (MA), Lagoa do Peixe (RS) e a Reserva Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal (MT). 

TURISMO – O Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP) promoverá debate sobre o turismo no pantanal. Em discussão estarão temas como capacidade de suporte de visitação, a forma e os locais que podem visitados. “Esse trabalho não existe ainda e é importante porque o turismo é uma atividade econômica que vem se desenvolvendo no pantanal e se não tomar determinadas precauções vai acontecer no pantanal o que estava acontecendo em Chapada do Guimarães, onde o turismo estava bastante predatório”. 

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